“Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. […] Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. […] Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo” (Romanos 7:15,17,19)
1. COMEÇO DE CONVERSA:
Estamos chegando ao final dessa série de reflexões sobre como destruir o que rouba as nossas forças.
Na primeira metade, denunciamos que o motivo de “muitos estarem fracos e doentes, e não poucos que dormem” (no espírito e na alma) é por causa do pecado. Ainda, observamos que sofremos seus efeitos seja por nossos pecados, seja pelos pecados dos outros. E essa é a verdadeira tragédia da humanidade.
Na segunda metade, apontamos para onde começa o caminho de vitória sobre o pecado e as condições para seguir nessa jornada com Jesus. No entanto, assim como alguns casais caem em infidelidade, algumas pessoas, mesmo em aliança com Cristo, ainda não conseguem viver em fidelidade com o Senhor, pecando voluntariamente contra Ele. Mas a boa notícia é que essas pessoas podem vencer o pecado, mesmo aqueles que ainda exercem domínio em suas vidas.
Esse será o assunto da nossa conversa bíblica de hoje. Mas, antes, vamos cantar uma canção que nos inspira a buscar esse objetivo.
2. LOUVOR (Que Ele cresça – Deigma Marques)
Mais de Ti (2X);
E menos de mim (4X)
Que Ele cresça e eu diminua
Que Ele apareça e eu me constranja
Com a Sua glória e todo o Seu amor
Infinita humildade, servo de todos os irmãos
3. TEXTO PARA REFLEXÃO
A Bíblia descreve quatro grupos de pessoas dominadas pelo pecado.
O primeiro grupo são aqueles que não conhecem a Deus. E apesar da percepção de uma “lei moral”, se entregaram ao pecado voluntariamente com uma disposição mental reprovável (Romanos 1:22-28).
O segundo grupo são aqueles que, apesar da sua declaração de fé em Deus, escolheram ignorar o pecado por causa da dureza de seus corações (Jeremias 8:12; 1 Timóteo 4:1,2).
O terceiro grupo são aqueles que acreditaram na mentira de que o corpo é a fonte do mal, e que Deus só está interessado em salvar a alma do homem. Eles acreditaram na mentira de uma graça não bíblica de que não precisam viver em santidade, acumulando “mestres” segundo seus próprios desejos (veja 2 Timóteo 4:3,4).
Mas o quarto grupo é o alvo de nossa reflexão de hoje. São aqueles cristãos que lutam contra o pecado, diariamente, e ainda acabam vencidos em certas ocasiões. Paulo escreve sobre eles em Romanos 7:15-23.
“Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. […] Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. […] Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo” (Romanos 7:15,17,19)
Tais pessoas, mesmo se arrependendo sinceramente com tristeza pelo mal que fizeram, continuam caindo em pecado, apesar de todo esforço para libertar-se, mesmo buscando ajuda em Deus com orações e jejuns.
Então, a pergunta é: Por que, mesmo buscando a Deus, ainda não conseguem vencer a força do pecado exerce em suas vidas?
A vida cristã é como um casamento. A aliança entre os cônjuges é mantida quando existe reciprocidade em amor. Porém, o pecado intencional na vida do cristão é como um ato de adultério contra Jesus. Assim como um cônjuge se sente ferido pela traição, Jesus fica com “o coração partido” quando vê um cristão caindo em pecado. Ele sofre por causa disso!
Como você se sentiria se descobrisse que sua esposa, apesar de declarar e demonstrar amor por você, ainda estivesse “saindo” com os ex-namorados? Você consegue imaginar com Jesus se sente em relação a esse quarto grupo de pessoas dominadas pela força do pecado? E como essas pessoas se sentem após pecar contra o Senhor? Vergonha, medo, remorso? Talvez esse seja o resultado. Mas, por que tornam a fazer o mesmo pouco tempo depois?
Para entender essa questão, é preciso encontrar a causa dessa “força” que ainda mantem essas pessoas presas em seus pecados.
Em Lucas 14:15-24, Jesus conta a Parábola da Grande Ceia e revela onde está a “força” do pecado: Não amar a Deus o bastante! O Apóstolo Paulo também demonstra a força do pecado em Romanos 7 e em 1 Coríntios 15:56: “O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei” (1 Coríntios 15:56).
Não se trata da Lei de Moisés, pois o pecado já exercia domínio na humanidade bem antes dela. Mas na lei de Deus decretada como mandamento desde Gênesis 2:16,17.
A força do pecado está na lei, quando este encontra ocasião na ordenança (Romanos 7:11). Em outras palavras, quando você obedece aos Mandamentos apenas como uma ordenança ou obrigação, e não como prazer em alegrar o coração de Deus, o pecado ganha força em sua vida. É como se você dissesse ao seu coração: “bem que eu queria fazer isso, mas a Bíblia me proíbe!”.
Voltemos a tipologia conjugal. Quando uma mulher não ama a seu marido o suficiente, outros amores ganham espaço em seu coração, não necessariamente outros homens. Quando ela se encontra cumprindo as suas “obrigações” de esposa, como uma ordenança, seus prazeres estão em outro lugar. É como se ela dissesse consigo mesmo: “bem que eu gostaria de ir naquele passeio com minha amigas, mas eu tenho de ficar em casa para fazer o jantar para meu marido!”.
Desse modo, o adultério de fato ou simbólico ganha força em sua vida. E isso serve para os homens também. Pois essa tipologia representa a igreja e Cristo, coletivamente, ou o cristão e Jesus, individualmente.
A Bíblia mostra como podemos vencer essa força pecaminosa: “conhece o Deus de teu pai, e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntária; pois o Senhor sonda todos os corações e conhece a motivação dos pensamentos” (1 Crônicas 28:9).
O verbo “conhecer” na Bíblia foi traduzido da palavra hebraica Yada, que expressa o sentido de conhecer intimamente em um relacionamento intenso. Um conhecimento que produz paixão, amor e entrega. Esse é sentido em Gênesis 4:1: “Adão conheceu Eva, sua mulher, e ela concebeu”.
Quando o cristão ainda não conhece a Deus, intimamente, sua obediência fica limitada a ordenança, onde o pecado ganha força. Portanto, vencer a força do pecado está em Yada: conhecer a Deus intimamente, em um relacionamento intenso.
Observe a vida de um casal que vive um relacionamento intenso, de entrega mútua, apaixonado, amoroso. Adultério não terá espaço na vida deles, pois os cônjuges se amam com prazer. E aqui está o ponto central: A vitória sobre a força do pecado está em amar a Deus com prazer e intimamente em um relacionamento intenso.
E quando você conhecer ao Senhor intimamente em um relacionamento intenso e apaixonado, o pecado não terá domínio sobre você. E o seu prazer estará na lei do Senhor (Salmos 1:2)
Ame ao Senhor intensamente, e você descobrirá que Ele é suficiente para satisfazer a sua vida com muito prazer.
Que o amor de Deus encha o seu coração, e que você aprenda a amá-Lo como Ele te ama!
Por Emerson Cardoso
4. QUESTÕES PARA REFLEXÃO
- Segundo a Bíblia, qual é a força do pecado? Como ela atua na vida das pessoas?
- Segundo o texto, quem são aqueles que fazem parte do quarto grupo de pessoas dominadas pelo pecado?
- Em sua opinião, por que mesmo buscando ajuda em Deus, essas pessoas ainda continuam presas nos mesmos pecados?
- Como você imagina que Jesus se sente em relação a esses cristãos: irado, triste, revoltado? Justifique a sua resposta.
- Segundo a Bíblia, como podemos destruir a força do pecado?
Referência: BEVERE, John. Kriptonita: como destruir o que rouba a sua força. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Luz às Nações, 2017.