Uma mente como a dEle

Em nosso estudo da semana passada abordamos o tópico “nascido para ser semelhante a Jesus: um coração como o dEle”. Estudaremos nessa série um princípio bíblico do propósito de nosso novo nascimento: ser semelhante a Jesus. Para tanto, abordaremos três dimensões interdependentes onde nos tornamos semelhantes a Jesus: o coração, a mente e os sentimentos.

Muitas vezes a Bíblia fala do coração humano fazendo referência aos pensamentos e aos sentimentos. Mas eles não são sinônimos.

A Bíblia fala do coração não como o músculo cardíaco. Coração na Bíblia possui sentido metafísico e não concreto. A origem dessa palavra no hebraico (לב, leb, lebab) significa lugar interior de onde se governa a casa (Provérbios 4:23). Nem cérebro, nem músculo cardíaco. É um lugar interior onde se manifesta a autoridade (1 Coríntios 4:5; 1Samuel 16:7). Mas pode ser entendido como a sede dos pensamentos e emoções (Marcos 7:21-23). Para ilustrar a diferença entre essas três dimensões, vamos considerar o coração como uma estufa, os pensamentos como as sementes e os sentimentos (emoções) como as flores e frutos.

Introdução

Se você já entregou sua vida a Jesus, Jesus já habita em você (João 14:23).

Segundo a Bíblia, nós possuímos dentro de nós uma parcela dos próprios pensamentos e da “mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16). Mas se eu tenho a mente de Cristo, por que ainda penso tão como eu?

Em nossa reflexão de hoje vamos falar sobre a mente, não como cérebro, mas como uma porta que dá acesso ao coração para os pensamentos entrarem.

1. O coração, a estufa da mente

A estufa é um lugar cultivado, preparado com as condições adequadas para produzir. O coração é como uma estufa, por isso precisa ser gerenciado. Se você deixar entrar sementes de ervas daninhas, porque a semente que entrar nessa “estufa” germinará, produzirá frutos e você os colherá (Gálatas 6:7). Portanto, assim como uma estufa, a porta do seu coração precisa ser guardada (Provérbios 4:23a).

Nossos pensamentos são como sementes e a mente é como a porta de uma estufa. Devemos montar guarda na entrada como um soldado treinado, que se submente à autoridade de Jesus.

Não se preocupe, o Espírito Santo está com você para te ajudar a filtrar os pensamentos que tentam entrar em seu coração.

Vejamos um exemplo. Um pensamento sobre valores pessoais se aproxima com toda a arrogância de quem gosta de intimidar e diz: “você é um perdedor, um derrotado, um vagabundo”. Uma pessoa comum abriria a porta e deixaria esse pensamento entrar. Como uma semente de erva daninha, ele encontraria condições ideias para lançar raízes e produziria espinhos de inferioridade. Mas quem tem a mente de Cristo não age assim. Ao invés de deixar esse pensamento entrar, leva-o cativo com algemas até Cristo e pergunta: “Jesus, este pensamento diz que eu sou um perdedor, um derrotado, um vagabundo, e que nunca alcançarei nada. O que você pensa sobre isso?” Percebe que você está submetendo o pensamento à autoridade de Jesus? Se Jesus concordar com o pensamento, deixe-o entrar. Mas se Ele não concordar, lance-o fora. No exemplo acima, Jesus discorda totalmente. Mas como saber se Jesus concorda ou discorda? Abra a Bíblia. O que Deus pensa a esse respeito? Leia Efésios 2:10, Romanos 8:1, nesse caso.

Guarde a entrada do seu coração. A sua mente é a porta para ele. As sementes são os pensamentos. Submeta-os às autoridade de Jesus. Quanto mais seletivo você for em relação às sementes, mais alegria terá em suas colheitas.

Por isso a mente precisa estar alerta, trabalhando sempre. E quando estiver cansada, descansa só em Deus (Salmos 62:1).

2. Uma mente ociosa

O ócio é definido como um tempo vago para não fazer absolutamente nada, apenas para relaxar, e não pensar em nada, ficar em um momento de preguiça. Uma pessoa ociosa é aquela que não está fazendo nada no momento, está em estado ocioso, também conhecido como um estado de inércia física e/ou mental.

Segundo um ditado popular “a mente vazia (ociosa) é oficina para o diabo”. A mente ociosa luta contra si mesma e nada consegue, e acaba como escravo.

“O preguiçoso deseja e nada consegue…” (Provérbios 13:4a).

“[…] mas os preguiçosos acabarão escravos” (Provérbios 12:24).

Essa realidade pode ser ilustrada com a história sobre uma velhinha viúva que possuía uma pequena casa na cidade de Goiás Velho há muito tempo atrás. Ela era rica, porém econômica. Seus vizinhos ficaram surpresos quando ela decidiu estar entre os primeiros que teriam eletricidade em sua casa.

Depois de várias semanas após a instalação, um funcionário da companhia de eletricidade da cidade apareceu em sua porta. Ele perguntou se a eletricidade estava funcionando bem e ela respondeu que sim. “Estou intrigado, e gostaria que a senhora me explicasse uma coisa”, disse ele, “Seu medidor demonstra que a senhora quase não utiliza a eletricidade!”

“Certamente”, respondeu ela. Todos os dias, quando o sol se põe, ligo minhas luzes o tempo suficiente para acender meus candelabros; então eu as desligo”.

Ela possui eletricidade, mas não a utiliza. Sua casa possui eletricidade, mas permanece como antes. Será que não cometemos o mesmo erro? Ligamos o interruptor ocasionalmente, mas na maior parte do tempo optarmos pelas sombras.

Uma mente ociosa não guarda a entrado coração, e qualquer pensamento pode entrar livremente.

3. Pensando com a mente de Cristo

Em relação a ilustração anterior, imagine o que aconteceria se deixássemos as luzes ligadas? O que aconteceria se não apenas ligássemos as luzes, mas vivêssemos na luz (1 João 1:7)? Que mudanças ocorreriam caso persistíssemos na tarefa de andarmos no esplendor de Cristo? Imagine você, por onde andar, refletindo a glória de Deus como um espelho?

A luz da Palavra permite a mente discernir os pensamentos: “A explicação das tuas palavras ilumina e dá discernimento aos inexperientes” (Salmos 119:130).

Pensar com a mente de Cristo é pensar com o Espírito Santo. É pensar “[…] tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4:8). Fazendo assim “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7).

Conclusão

Pensar com a mente de Cristo nos torna semelhantes a Jesus. Jesus treinou sua mente a pensar nas coisas do alto (Colossenses 3:2). Ele tinha tanta intimidade com o Pai a ponto de declarar “eu e o Pai somos um” (João 10:30). Nós também precisamos treinar nossa mente a filtrar os pensamentos com a mente de Cristo. Porque se eu tenho a mente de Cristo, e ainda penso como eu, então não estou usando a mente de Cristo (Leia Romanos 12:2; Efésios 4:17-24).

Max Lucado (Adaptado por Emerson Cardoso)

Referência Bibliográfica:

LUCADO, Max. Simplesmente como Jesus. In.: LUCADO, Max. Um coração como o Dele. Tradução Carla Ribas de Souza e Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil; CPAD, 2013. Pág. 13-21

Para refletir:

  1. Você já deve ter ouvido a expressão “você é aquilo que come”. Acredita que seja também aquilo que pensa? Comente usando exemplos.
  2. De que modo você seria capaz de controlar o seu coração como se fosse uma “estufa”?
  3. O que pode acontecer como nosso coração se deixar nossa mente ociosa?
  4. De acordo com 2 Coríntios 10:5, devemos levar nossos pensamentos cativos, fazendo-os obedientes a Cristo. Como podemos fazer isso? O que devemos fazer com tais pensamentos?
  5. Você consegue ver “ervas daninhas” crescendo em seu coração? O que você pode fazer a respeito?
  6. O que você precisa fazer para experimentar a “Mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16) em sua vida?
  7. O que é ser semelhante a Jesus em sua mente e pensamentos?

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