Introdução
Texto referencial – 2 Coríntios 12:9,10.
Para encerrar a série desse mês, estudaremos hoje como Deus escolheu um homem intelectual, versado na Lei e religioso irrepreensível para transformá-lo naquele que se considera o “menos dos apóstolos” (1 Coríntios 15:9).
Este homem foi Saulo de Tarsos, que despois daquele encontro com Jesus na estrada de Damasco, foi transformado em Paulo, um homem humilde, mas rico da Graça de Deus.
Vimos nos estudos passados que Deus escolhe usar pessoas comuns, até pessoas de má fama, como aquela mulher pecadora que encontra com Jesus na casa de Simão (Lucas 7:36-50); ou pessoas rude como Simão Pedro (Lucas 5:1-11); mas também usa pessoas de alta classe e intelectuais como Nicodemos (João 3:1-17) ou Saulo de Tarso.
1. Um modelo por excelência aos olhos humanos
Antes de seu encontro com Jesus, Paulo era Saldo de Tarso, um tipo de herói entre os fariseus. Era como um delegado. Mantinha a lei e a ordem. Ou melhor, reverenciava a Lei e dava as ordens.
As mães judias apontavam ele como exemplo de um bom menino. Na escola, era o Estudante do ano, e ao se formar, seria o herdeiro de seu mestre Gamaliel. Saulo era um modelo de um judeu por excelência, e ele sabia disso:
“embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança. Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Filipenses 3:4-6)
Contudo, Jesus não o via assim. Jesus tinha planos para ele, e tudo na vida de Saulo mudaria a partir daquela viagem para Damasco.
2. Visto pelos olhos de Deus
Saulo estava empenhado em “proteger” Israel e suas leis e isso significava perseguir, expulsar e até matar os cristãos. Mas tudo isso acabou no acostamento da estrada para Damasco, quando uma forte luz brilhou e ele literalmente caiu do cavalo e ouviu a voz do Senhor. Quando ele se deu conta de que era Jesus quem falava com ele, cruzou os braços e esperou o pior. “Agora tudo acabou para mim”. Podemos ver Saulo orando para que a morte fosse rápida e indolor. Mas não foi isso que aconteceu. Ao perceber que estava cego, foi conduzido até Damasco e Deus o deixou ali por três dias em um quarto. Os olhos de Saulo eram tão pesados que ele só conseguia olhar para dentro de si mesmo. E ele não gostou do que viu.
Ele viu quem era de verdade. Pelas suas palavras, o pior dos pecadores (1 Timóteo 1:15). Um pretencioso que afirmava dominar a lei de Deus. Alguém que pensava que distribuía justiça e pesava a salvação em uma balança.
Então, Jesus vê Saulo sofrendo num estado miserável naquele quarto, aquebrantado e arrependido pela vida que levava, quando manda Ananias até ele.
Saulo sabia que não podia fazer um acordo com Deus. Seu poder, seus diplomas e prestígio não o podiam salvar. Não inventou desculpas. Apenas pediu misericórdia. Com seus pecados em sua consciência e sangue inocente em suas mãos, ele pediu para ser perdoado.
Aos receber as instruções do Senhor, Ananias vê Saulo como um inimigo e contesta. Mas Jesus mostra a ele como o Senhor o vê:
“Mas o Senhor disse a Ananias: “Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel. Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome” (Atos 9:15,16)
Assim, Ananias encontra Saulo e recomenda: “E agora, que está esperando? Levante-se, seja batizado e lave os seus pecados, invocando o nome dele” (Atos 22:16). Não precisou falar duas vezes. O legalista Saulo foi sepultado e o Apóstolo Paulo nascia. Ele nunca mais foi o mesmo depois disso, e nem o mundo.
3. Transformado pela Graça
“Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9).
Deus proferiu essas palavras. Paulo as escreveu. Deus declarou que estava procurando vasos vazios mais que músculos fortes. Paulo foi achado e provou da Graça de Deus.
Paulo se esvaziou de sua presunção e aparência religiosa. Como um vaso defeituoso, foi quebrado e feito de novo pelas mãos do Senhor (Jeremias 18:4). Ele analisa o seu conhecimento de antes e ao comparar com o Conhecimento de Jesus Cristo, declara: “o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo” (Filipenses 3:7. Leia o verso 8 também.)
Paulo experimentou que a Graça é suficiente, “pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele” (Filipenses 2:13). Sermões estimulantes, discípulos dedicados e dez mil quilômetros de viagens. Se seus pés não estavam caminhando suas mãos estavam escrevendo. Se não estava explicando o mistério da Graça, estava articulando a teologia que iria determinar o curso das próximas gerações.
Jesus poderia ter acabado com Saulo naquela estrada. Deveria tê-lo enviado para o inferno (Lucas 12:5). Mas não fez isso. Deixou ele perdido naquela estrada. Quando Saulo encontrou a Graça de Deus, não resistiu e bebeu abundantemente. Saulo estava perdido naquela estrada, mas foi achado e transformado por Aquele que escolhe pessoas como ele, eu e você, independente de nossa condição.
Paulo recebeu pelo Amor de Deus o que torna o impossível em possível: a salvação. A mensagem parece louca e escandalosa (1 Coríntios 1:23), má é apaixonante: mostre a um homem suas falhas sem Jesus e o resultado será encontrado no acostamento de uma estrada. Dê a um homem uma religião sem lembra-lo de sua sujeira e o resultado será a arrogância dentro de um terno caro. Mas coloque as duas coisas juntas no mesmo coração: faça um pecado encontrar o Salvador e o Salvador encontrar o pecado e o resultado pode ser outro fariseu tornando-se pregador e espalhando o Evangelho da Graça pelo mundo.
Conclusão
Assim aprendemos com a escolha de pessoas como Nicodemos, a mulher pecadora na casa de Simão, Simão Pedro e Saulo de Tarso que não importa o nosso status social, nem nossos diplomas ou a falta deles, nem nossa fama ou má fama. O que importa é sermos escolhidos de Deus (João 15:16; Romanos 8:33; Mateus 22:14) para sermos transformados pela a Sua Graça.
Max Lucado (Adaptado por Emerson Cardoso)
Referência Bibliográfica:
LUCADO, Max. Gente como a gente: como Deus muda a vida de pessoas comuns. In.: LUCADO, Max. Sara, Pedro e Paulo. Tradução Marcelo Barbão e Omar de Souza. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2009. Pág. 233-235
Para refletir:
- Como era sua vida antes de seu encontro com Jesus?
- Como foi o seu encontro com Jesus?
- O que mudou em sua vida depois que entregou a sua vida a Jesus? Fale daquilo que você gostava e perdeu por amor a Jesus e daquilo que você ganhou por amor a Jesus.
- Em que a história do encontro de Saulo com Jesus inspira a sua vida?