O Princípio do perdão: Ninguém pode dar o que não tem

Introdução

Texto referencial – Lucas 7:36-50

Em continuidade a série de estudo deste mês, estudaremos hoje como Deus usou uma pessoa muito simples e para muitos, indigna, para revelar o Seu amor e perdão e para nos ensinar uma grande lição.

Estamos falando de uma mulher pecadora que a Bíblia não revela seu nome, contudo, seu encontro com Jesus na casa de Simão identifica-a comigo e com você.

A reputação dela pode ser vergonhosa para nós – uma prostituta (a Bíblia não essa palavra, mas o contexto dá a entender que ela era uma “dama da noite”), mas todos nós aprendemos com ela que ninguém pode dar o que não tem.

1. Duas pessoas e suas escolhas

Duas pessoas tão diferentes: ele tão respeitável, ela tão desprezada; ele um líder da igreja, ela uma mulher da vida. Quem você escolheria como companhia em um jantar? Todos escolheriam Simão, exceto Jesus. Era uma festa só para convidados, mas aquela mulher invade a sala e se lança aos pés de Jesus.

Jesus escolhe a mulher e revela a Simão o motivo. Ele conta uma história para explicar (v.40 a 47).

Simão recebe a Jesus como um convidado indesejado. Nenhuma das cortesias habituais: nada beijo de saudação, nada de lavar os pés, nada de óleo na cabeça.

A mulher pecadora faz o que Simão não fez (v.44-46). E Jesus conclui dizendo: “mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama” (Lucas 7:47).

Duas pessoas. Duas escolhas. Como explicar a diferença entre os dois? Treinamento? Educação? Dinheiro? Não, pois Simão superava com folga os três quesitos. Mas há uma área que a mulher deixa Simão para trás comendo poeira. Qual foi a descoberta que ela fez, mas Simão deixou escapar? Qual é o tesouro que ela preza tanto e Simão ignora? Simples: o amor de Deus.

Não sabemos quando ela o recebeu, mas sabemos que ela chegou a Jesus sedenta por causa da culpa e do arrependimento. Então, Jesus lhe dá o cálice da graça. Enquanto ela bebe, Simão cospe. Enquanto um tem grande amor a oferecer, o outro não tem, por que não o recebeu.

2. O Princípio de dar

Jesus disse a Simão que os muitos pecados daquela mulher foram perdoados. O que Jesus quis dizer é que “a quem perdoa muito, ama muito”. Em outro momento ele também disse “amem-se uns aos outros como eu os amei” (João 15:12). Mas como poderemos amar como Jesus? Como podemos perdoar como Jesus?

Muitos de nós tentamos, e como tentamos! Como se pudéssemos conjurar o amor a partir da nossa força de vontade.

Assim, tentamos. Dentes cerrados, pulso fechado, queixo firme! Será que não estamos pulando uma etapa? O segredo para amar é saber receber. Para você conceder amor, primeiro precisa recebê-lo. “Nos amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 João 4:19).

Quer ser uma pessoa amorosa? Comece aceitando o seu lugar como filho querido e amado. “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Efésios 5:1-2)

Quer aprender a perdoar, então, pense como você foi perdoado? “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo” (Efésios 4:32). Está difícil colocar-se no lugar dos outros. Pense como Jesus fez por você “que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se” (Filipenses 2:6). Precisa de mais paciência? “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”(2 Pedro 3:9). Não consegue tolerar parentes ingratos e vizinhos tranqueiras, Deus suporta você quando age assim, também. “Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus” (Lucas 6:35).

O segredo para amar é saber receber.

3. Vamos recomeçar…

Se não estamos conseguindo amar por nós mesmo, vamos recomeçar do jeito certo.

Como Simão, podemos até abrir uma porta. Mas os nossos relacionamentos necessitam mais do que um gesto social. Há maridos e esposas precisando ter os pés lavados. Alguns irmãos e amigos precisam de uma torrente de lágrimas. Precisamos derramar o óleo de nosso amor sobre nossos filhos. Mas se nós não recebemos essas coisas, como poderemos concedê-las aos outros?

Estamos dizendo aos outros: sejam pacientes, tolerantes, misericordiosos; amem uns aos outros. Isso é como dar um cheque sem fundos em nossos relacionamentos. Quando se trata de amor, o coração está sem fundos. Não podemos dar aquilo que não temos. Primeiro tem que fazer o depósito: “Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:9-10).

Depois emitimos o cheque: “Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros” (1 João 4:11).

O segredo para amar é ser amado. É estar arraigado em amor (Efésios 3:17). Assim como uma árvore precisa estar em contado com o solo para extrair água e nutrientes para viver, nós também precisamos estar em contato com Deus, em comunhão com Ele, e permanecermos em seu amor (João 15:10).

Conclusão

Ninguém pode dar o que não tem. Esse princípio rege muitas áreas em nossas vidas. Talvez você esteja olhando para a Bíblia, como para o texto de 1 Coríntios 13:4-8 e questionando um amor que de você mesmo não possa oferecer. Ao invés de olhar para esse texto e lembrar de um amor que não somos capazes de cumprir por nós mesmos, olhemos para ele como lembrete de um amor que não podemos resistir: o amor de Deus.

Tem alguém aí sedento por esse amor? Talvez você tenha procurado em lugares errados. Chegou a pensar que ninguém te ama assim. Escute a resposta do céu: Deus ama você e te oferece o perdão de seus pecados. “A quem perdoa muito, ama muito”.

Max Lucado (Adaptado por Emerson Cardoso)

Referência Bibliográfica:

LUCADO, Max. Gente como a gente: como Deus muda a vida de pessoas comuns. In.: LUCADO, Max. A mulher que lavou os pés de Jesus. Tradução Marcelo Barbão e Omar de Souza. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2009. Pág. 33-44

Para refletir:

  1. Que princípio Jesus desenvolveu em Lucas 7:47? De que maneira esse princípio pode ser aplicado em sua vida? Explique.
  2. Como é que uma pessoa “recebe” amor? Como é que uma pessoa pode “acusar” amor?
  3. Simão abriu a porta de sua casa para Jesus entrar. Porém, nossos relacionamentos precisam mais do que gestos sociais. Como você entende isso? Faça uma comparação com os gestos daquela mulher pecadora.
  4. Como eu posso “lavar os pés” das pessoas próximas a mim, inclusive daquelas que me aborrece (João 13:5)?

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