Introdução
Vimos na semana passada que o jejum é a abstinência das “coisas da terra” pelas “coisas do céu”. Porém, vamos estudar hoje que jejuar é mais que desejar as “coisas do céu”, mas anelar pelo próprio Deus. O jejum é fome de Deus! É saudade do céu. A Bíblia diz que comemos e bebemos para a glória de Deus e também jejuamos para a glória de Deus (1 Coríntios 10:31). Se comemos para a glória de Deus e jejuamos para a glória de Deus, qual é a diferença entre comer e jejuar? Quando comemos nos alimentamos do pão da terra, símbolo do Pão do céu; mas quando jejuamos não nos alimentamos do símbolo, mas da essência, ou seja, nos alimentamos do próprio Pão do céu. O alimento é bom, mas Deus é melhor (Mateus 4:4; João 4:31-34). A comunhão com Deus deve ser a nossa mais urgente e apetitosa refeição. Nós glorificamos a Deus quando o preferimos acima dos seus dons.
Textos de referência: Mateus 4:4; João 6:32-35; 48-51; Salmos 42:1, 2; Salmos 63:1; Salmos 84:2
1. O pão da terra e o pão do céu
Hernandes Dias Lopes diz que o maior obstáculo para o jejum não são as coisas más (obras da carne), mas as coisas boas. Nem sempre nos afastamos de Deus por coisas pecaminosas em si mesmas. Os mais mortíferos apetites não são pelos venenos do mal (Gálatas 5:19-21), mas pelos simples prazeres da terra, os deleites da vida (Lucas 8:14; Marcos 4:19). “Os prazeres desta vida” e “os desejos por outras coisas” não são um mal em si mesmos. Não são vícios. São dons de Deus. No entanto, todas elas podem tornar-se substitutos do próprio Deus em nossa vida. Essas coisas podem ser a nossa refeição básica, leitura, viagens, negócios, televisão, internet, compras, exercícios, esportes, e casamento. Coisas boas podem fazer grandes estragos em nossa vida espiritual. Bois, campos e casamento podem manter você fora do Reino dos céus (Lucas 14:17-20).
Jesus disse que antes de sua volta as pessoas estarão vivendo desatentas como a geração que pereceu no dilúvio. E o que elas estavam fazendo? Comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento (Mateus 24:37-39). Que mal há em comer e beber, casar e dar-se em casamento? Nenhum! Mas, quando nos deleitamos nas coisas boas e substituímos Deus pelas dádivas de Deus estamos em grande perigo. O jejum não é fome de coisas boas; o jejum é fome de Deus. O jejum não é fome de coisas que Deus dá; o jejum é fome do Deus doador. Nossa geração corre atrás das bênçãos de Deus em vez de buscar o Deus das bênçãos. Deus é melhor do que suas dádivas. O abençoador é melhor do que a bênção.
2. Fome de Deus
John Piper definiu jejum como “Fome de Deus”. Nossa maior necessidade não são das bênçãos de Deus, mas do Deus das bênçãos. Nossa alma tem fome e sede de Deus (Salmos 42:1, 2; Salmos 63:1; Salmos 84:2). Deus colocou a eternidade em nosso coração. Só o Deus eterno pode dar pleno significado à nossa vida e satisfazer a nossa alma.
O salmista é bem enfático em sua declaração ao dizer que deseja mais a bebida e a comida do céu que a bebida e comida da terra. Como ele alimentou e desenvolveu esse desejo? Com a prática do jejum. Davi amava a Deus e era chamado de “homem segundo o coração de Deus” (Atos 13:22). O jejum é a fome que brota da saudade de Deus.
Nosso amor por Deus é provado não apenas por palavras, mas sobretudo, pelo sacrifício. Realmente temos fome por Deus? Sentimos saudade de Deus? Ou temos começado a estar contentes apenas com os seus dons? Richard Foster diz que mais do que qualquer outra disciplina, o jejum revela as coisas que nos controlam. O jejum revela a medida do domínio do alimento, da televisão, do computador, ou qualquer outra coisa sobre nós, que sempre e sempre está aplacando a nossa fome de Deus.
Quanto mais profundamente nós andamos com Cristo, mais fome de Cristo nós sentimos, mais saudade do céu nós sentimos, mais desejo da plenitude de Deus nós temos. Quanto mais jejuamos, mais sentimos o sabor do pão céu, mais desejamos o domínio do céu sobre a nossa vida na terra, mais desejamos que o Reino de Deus seja estabelecido em nosso coração. Se nós não estamos sentindo intenso desejo da manifestação da glória de Deus em nossa vida, não é porque nós já temos bebido o suficiente das fontes de Deus, mas porque estamos nos alimentando apenas das mesas do mundo. É tempo de jejuar!
3. O jejum e o reavivamento
O propósito do jejum não é obter o favor de Deus ou mudar a sua vontade (Isaías 58:1-12). Tampouco impressionar os outros com uma espiritualidade farisaica (Marcos 2:16-18). Nem é para proclamar a nossa própria espiritualidade diante dos homens. Jejum significa amor a Deus. Jejum é fome do próprio Deus e não por aplausos humanos (Lucas 18:12). É para nos humilharmos diante de Deus (Daniel 10:1-12; Jonas 3:5-9), para suplicarmos a sua ajuda (2 Crônicas 20:3; Ester 4:30; Esdras 4:16) e para voltarmo-nos para Deus com todo o nosso coração (Joel 2:12,13). É para reconhecermos a nossa total dependência divina (Esdras 8.21-23). O jejum é um instrumento para fortalecer-nos com poder divino, em face dos ataques do inferno (Marcos 9:28,29).
É tempo da igreja jejuar! É tempo da igreja voltar-se para Deus de todo o seu coração, com jejuns e com pranto. É tempo de buscar um reavivamento verdadeiro que traga fome de Deus em nossas entranhas, que traga anseio por um profundo despertamento da realidade de Deus em nossa igreja, em nossa cidade, em nossa nação!
Conclusão
Vimos que jejum é “Fome de Deus”. Nossa maior necessidade não são das bênçãos de Deus, mas do Deus das bênçãos. Nossa geração corre atrás das bênçãos de Deus em vez de buscar o Deus das bênçãos. Deus é melhor do que suas dádivas. O abençoador é melhor do que a bênção.
O jejum é uma demonstração da rendição da nossa vontade a Deus. É a abstinência do “pão da terra” pelo “Pão do céu”.
O jejum é o maná do céu para a nossa alma. Através dele humilhamo-nos diante do trono do Deus vivo. Através dele voltamo-nos de coração para o Senhor. Através dele somos fortalecidos com poder. Através dele podemos ver a restauração e o despertamento da nossa igreja. Através dele participamos dos banquetes de Deus e saboreamos as doces iguarias do céu!
Rev. Hernandes Dias Lopes (adaptado por Emerson Gomes Cardoso)
Para refletir:
- O que são as “coisas boas” que sua alma deseja? Em que sentido elas são um obstáculo à sua comunhão com Deus?
- Como um discípulo de Jesus pode crer que o jejum é melhor que a “comida e a bebida da terra”?
- Em que sentido o jejum glorifica a Deus?
- Comente sobre o jejum como “fome de Deus”.
- Como Deus pode saciar nossa alma? Fale de suas experiências com Deus que demonstram resultado do jejum.
- O jejum revela as coisas que nos controlam. Comente.