Introdução
Na semana passada aprofundamos um pouco nossa compreensão sobre o jejum que agrada a Deus. Vimos que jejum é mais que abstinência do “pão da terra”. Jejum é fome de Deus.
Apesar de causar sofrimento pela humilhação da alma (Salmos 35:13), o jejum produz alegria àqueles que o fazem com entendimento (Zacarias 8:19).
Veremos hoje que jejum é abrir mão do bom pelo melhor. E só quem sabe o que está fazendo poderá usufruir dessa bênção.
Textos de referência: Daniel 10:1-12,29; João 4:31-34; Zacarias 8:19; Mateus 13:44-46.
1. O desafio de abrir mão de coisas boas
Abrir mão é um dos maiores desafios que Deus nos propõe. Porém, há um princípio bíblico que nos ensina que “temos que perder para ganhar” (Lucas 9:24). Contudo perder algo bom por vontade própria é bem diferente de perder algo bom contra a nossa vontade.
Jesus deu a sua vida por nós (João 10:17,18). Abriu mão de Sua glória, tornando-se servo (Filipenses 2:6-8). É interessante pensar que, ao abrir mão de coisas boas, você se torna semelhante a Jesus e reproduz o padrão do céu.
Abrir mão de coisas boas é um desafio. Quando você renuncia algo bom por amor ao Senhor, possivelmente experimentará certa dose de sofrimento. Mas acredite: vai valer a pena, pois o que você ganhará com sua abnegação será algo de valor incalculável: a aprovação de Deus.
2. Um exercício espiritual
Em muitos momentos de sua caminhada você se verá frente a frente com situações em que terá de abrir mão de algo muito valioso para ser fiel ao seu Salvador. A decisão não será fácil se você não estiver preparado (a) para esse desafio.
Assim como um atleta que precisa de treinamento para vencer competições difíceis, o (a) servo (a) de Deus também precisa de preparo para tomar decisões difíceis.
Assim como o treinamento do atleta vem com exercícios regulares, o (a) servo (a) de Deus também precisa exercitar seus “músculos espirituais” regularmente (Veja 1 Coríntios 9:25; 1 Pedro 3:15).
O jejum é um exercício espiritual, que praticado regularmente produz muitos “músculos espirituais”. Ao abrir mão de coisas boas, tais como sua refeição diária ou aquele prato predileto, para aplicar o coração em buscar ao Senhor (Daniel 10:12; 1 Crônicas 22:19a), você o encontra no caminho que Ele planejou para você andar na companhia dEle. Sua comunhão com Deus é fortalecida e você o conhecerá mais de perto. Você passará a amar mais a Deus que as pessoas e as coisas da terra. Assim, abrir mão de coisas boas por amor a Deus não será mais tão difícil.
O jejum é um exercício que vai te ajudar a viver o primeiro e o segundo mandamento mais importante da Bíblia (Mateus 22:37-40).
3. Desfrutando de coisas excelentes
As coisas boas desta vida são bênção de Deus (casamento, trabalho, casa própria, carros, banquetes etc.), mas são passageiras. A propósito, estamos aqui nesta terra de passagem, não é mesmo?
Quando abrimos mão dessas coisas boas da terra por amor a Deus, desfrutamos de coisas melhores, excelentes, de valor incalculável (1 Coríntios 2:9), desfrutamos da própria presença de Deus.
Precisamos estar atentos com a motivação certa de nossas vidas, daquilo que governa a nossa vontade. A cada dia que passa estamos mais atarefados, o ativismo está presente em todas as áreas de nossa vida e muitas vezes nos tornamos vítimas da ansiedade. Este fato também ocorre no meio do povo de Deus, trabalhando, pregando, lendo a palavra, cuidando do Reino. Precisamos atentar para as motivações do nosso coração, para não nos enganarmos pensando que estamos impressionando a Deus com o que fazemos.
Não podemos nos dedicar ao Senhor com motivações errôneas. Precisamos trabalhar e ao mesmo tempo nos auto-confrontar. Talvez estejamos trabalhando em busca de reconhecimento, bênção ou até mesmo por competição. Motivações tais como estas estão erradas.
A Bíblia nos conta que Marta andava distraída e mesmo tendo Jesus em sua casa não desfrutou de sua companhia porque estava ocupada com afazeres domésticos. Não há nenhum problema em arrumar a casa, porém o que não podemos fazer é trocar o relacionamento com Jesus pelo trabalho (Lucas 10:38-42).
O jejum é um exercício espiritual que nos ajuda a equilibrar as “demandas da terra” com as “demandas do céu”. A abstinência temporária das “coisas boas da terra” alimenta nosso espírito e nos ajuda a antecipar o futuro e a viver o céu na terra e a desfrutar de coisas excelentes.
“[…] porque o Reino de Deus está entre vocês” (Lucas 17:21b).
Conclusão
O jejum é um exercício espiritual que nos prepara para as provações de nossa fé. O exercício de abrir mão de coisas boas da terra é uma maneira de treinar nosso espírito a sujeitar nossa vontade a Deus. Jejuar é abrir mão da bênção pelo Deus da bênção. É abrir mão do bom pelo melhor. O jejum é uma renúncia terrena que produz vida no espírito.
Jejum não é para coitadinho, não é só pra quem está com problemas, mas é para nos aproximarmos de Deus. Quando dizemos não para as coisas boas da terra, recebemos poder e vivemos coisas gloriosas (Veja a experiência de Daniel 10:1-12). A prioridade do jejum é dizer não pra si mesmo e dizer sim ao Senhor. Porque quando Deus governa nossa vida temos vitorias sobre nossos problemas.
A Bíblia diz que os últimos dias serão terríveis. Os homens serão amantes de si mesmo, mas Deus tem muito mais para nos dar. É tempo de renunciar a nós mesmos (Lucas 14:33). É tempo de jejuar!
Por Emerson Cardoso
Para refletir:
- Como você se sente quando abre mão voluntariamente de coisas boas da terra?
- Considerando o texto de Mateus 13:44-46, que relação pode haver entre a prática do jejum e o Reino dos Céus? Que ensino esse texto nos traz sobre o valor do Reino? Qual o valor do Reino de Deus para você?
- Jesus disse que sua comida é fazer a vontade de Deus (João 4:34). Como você entende isso?
- Considerando o texto de 1 Coríntios 9:25, como você descreve o seu “Programa de Treinamento para o Céu”?
- Daniel abriu mão de coisas saborosas por 3 semanas. Ao final, ele teve uma visão gloriosa de um homem celestial. Como você descreveria a visão que você tem de Jesus glorificado?