O Evangelho, uma boa notícia ou um bom conselho?

“Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido” (1 Coríntios 15:3-6).

“De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor; apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo. E, assim, tornaram-se modelo para todos os crentes que estão na Macedônia e na Acaia. Porque, partindo de vocês, propagou-se a mensagem do Senhor na Macedônia e na Acaia. Não somente isso, mas também por toda parte tornou-se conhecida a fé que vocês têm em Deus. O resultado é que não temos necessidade de dizer mais nada sobre isso, pois eles mesmos relatam de que maneira vocês nos receberam, como se voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir” (1 Tessalonicenses 1:6-10).

Vimos na semana passada que o Evangelho de Jesus Cristo é uma boa notícia para toda a humanidade, mas parece que nem todo mundo consegue entende-la assim. Para muitos, o Evangelho se tornou apenas um bom conselho.

Hoje, vamos pensar juntos sobre esse assunto a fim de corrigir esse mal entendido.

O Evangelho é, simplesmente, uma boa nova. Ele é a notícia de que algo que aconteceu (Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” – 1 Coríntios 15:3,4) e, como resultado, o mundo passou a ser um lugar diferente (Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés – 1 Coríntios 15:25).

Paulo estava percorrendo o mundo conhecido de sua geração anunciando, dando a notícia, da revelação do único Deus verdadeiro em um evento que havia tornado o mundo um lugar totalmente diferente – algo que parece ser difícil de entender, mas não incompreensível.

“Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas […] (1 Coríntios 2:12-16).

Em sua primeira carta aos Tessalonicenses, Paulo está dando um relato de um grupo de pessoas cujas vidas haviam sido transformadas por sua boa notícia. A notícia não eram um sistema religioso. Nem estava insistindo para que adotassem um novo tipo de moralidade ou uma nova filosofia. Porém, nos dias de hoje, muitas pessoas supõem que o Evangelho é uma dessas coisas. Em outras palavras, elas pensam que o Evangelho tem a ver apenas com bons conselhos, uma opção que elas poderão escolher, caso sentissem vontade de fazer isso: uma nova espiritualidade ou uma nova moralidade ou uma nova maneira de entender como o mundo e as pessoas funcionam.

Mas Paulo não estava anunciando conselhos ou uma nova opção em que as pessoas poderiam escolher aceitar e fazer. Ele estava dando uma boa notícia de algo que aconteceu e transformou tudo, independente da vontade ou escolha das pessoas.

Sua intenção não era que as pessoas dissessem: “Bem, isso é interessante. Verei se isso me atenderá ou não”. Paulo não estava fazendo um convite para experimentarem algo novo. Ele estava dizendo que algo aconteceu (uma notícia, não um conselho) e que o mundo era agora um lugar diferente. O convite que seguia a notícia era uma convocação para aquelas pessoas fazerem parte daquela nova e diferente realidade.

Paulo estava falando de um evento (a morte e a ressurreição de Cristo segundo as Escrituras) que levaria as pessoas a ajustar suas vidas inteiras, de modo a entrar em sintonia com a maneira como as coisas seriam a partir daquele evento.

Para entendemos melhor, quando um arauto romano (oficial encarregado de fazer proclamações solenes) entrava em uma cidade como Tessalônica, anunciando que um novo imperador havia sido entronizado, ele não queria dizer “eis aqui um novo tipo de experiência imperial e vocês poderiam gostar de ver se ela combina com vocês”. Eles queriam dizer “César Augusto (ou Tibério ou outro imperador) é o senhor do mundo. Vocês são os sortudos destinatários dessa boa notícia (evangelho); ele exige a sua lealdade, a sua fidelidade e (é claro) os seus impostos”. Era assim que a boa nova romana funcionava. Os arautos não davam conselhos. Eles davam a boa nova: a notícia da chegado do novo imperador sobre o mundo, quer o mundo gostasse ou não.

Também foi assim que a boa nova de Paulo funcionou. Ele foi um dos arautos do Reino dos Céus no primeiro século, vocacionado para anunciar o Evangelho de Jesus ao mundo. Ele não era como alguém oferecendo às pessoas um novo tipo de tocha para que elas pudessem ver melhor no escuro. Paulo era como alguém dizendo que o sol havia nascido e que, se você abrisse as cortinas, veria que não precisa mais de tochas.

Por Emerson Cardoso

Referência Bibliográfica:

WHIGHT, N. T. Simplesmente Boas Novas: Por que o Evangelho é uma notícia e o que a torna boa. Tradução Idiomas e Cia/Cláudio Chagas. Brasília: Chara Editora, 2016.

Questões para Reflexão

  1. Como você entende a diferença de uma boa notícia para um bom conselho?
  2. Como sua resposta à questão anterior pode estar relacionada com as pessoas que recebem o Evangelho de Jesus?
  3. O que aconteceu no passado como objeto do Evangelho de Jesus, a boa nova cristã?
  4. Em que sentido o Evangelho de Jesus fez do mundo um lugar diferente desde quando “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”? Cite exemplos.
  5. O que ainda acontecerá no futuro em decorrência do Evangelho de Jesus e que completará a mudança que o começou no mundo desde que “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”?
  6. Como você entende o sentido das palavras “tocha, escuro, sol e cortinas” no último parágrafo do texto acima? Que ralação elas possuem com as pessoas, o mundo e o Evangelho?

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