“Uma voz clama: ‘No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto um caminho reto para o nosso Deus. Todos os vales serão levantados, todos os montes e colinas serão aplanados; os terrenos acidentados se tornarão planos; as escarpas, serão niveladas. A glória do Senhor será revelada, e, juntos, todos a verão. Pois é o Senhor quem fala’” (Isaías 40:3-5 NVI).
“Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação, que dizem a Sião: ‘O seu Deus reina!’. Escutem! Suas sentinelas erguem a voz; juntas gritam de alegria. Quando o Senhor voltar a Sião, elas o verão com os próprios olhos. Cantem juntamente de alegria, vocês, ruínas de Jerusalém, pois o Senhor consolou o seu povo, ele resgatou Jerusalém. O Senhor desnudará seu santo braço à vista de todas as nações, e todos os confins da terra verão a salvação de nosso Deus” (Isaías 52:7-10 NVI).
Estamos nessa série de reflexões vendo o sentido e significado do Evangelho para as primeiras pessoas que o receberam no primeiro século, a fim de reconstruir este significado, muitas vezes mal-entendido ou distorcido em nossos dias.
Vimos primeiramente que o Evangelho é uma notícia de algo que aconteceu no passado e que será concluído no futuro, mas que transforma a vidas das pessoas no presente por sua relação com esse passado e esse futuro.
Nos dias do Apóstolo Paulo, a palavra evangelho no mundo romano tinha um significado prático para os ouvintes. Era a notícia de quando um novo imperador subia ao trono.
Quando Paulo anunciava o Evangelho de Jesus, as pessoas associavam a notícia à vinda de um novo imperador como César. Só Jesus é muito mais que isso.
Na Bíblia, a ideia da boa notícia (evangelho) que Paulo tinha em mente é encontrada nos capítulos 40 e 52 de Isaías. Nesses textos, a ideia não era simplesmente da boa notícia da vinda de um Messias (rei ungido) vindouro. A boa notícia trata da vinda do próprio Deus de Israel, o Deus que eles conheciam como YHWH, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o criador do mundo, o único Deus.
O Deus em quem os antigos israelitas acreditavam era vivo e atuante, e isso significava bênção ou perigo. Esse Deus, que é totalmente diferente da imaginação popular atual, havia se comprometido a trabalhar com os israelitas e a viver entre eles, desde que ele mantivesse a sua parte do acordo. Mas eles não cumpriram e o desastre aconteceu. Eles foram enviados para o exílio, distante de sua terra. Eles acreditavam que Deus havia abandonado o Templo de Jerusalém, deixando o lugar ao seu próprio destino. A vida para os israelitas ficou muito ruim. Esse era o contexto de onde é anunciada a boa notícia do profeta Isaías.
A boa notícia de Isaías era: o único Deus verdadeiro está se movendo novamente! Ele venceu todos os poderes do mundo – os poderes das trevas que escravizam, corrompem e destroem a genuína vida humana. Ele superou todos os obstáculos que ficavam no caminho do Seu povo, que está sendo restaurado à sua terra e à condição de povo de Deus. E isso significa que, agora, nada pode atrapalhar Sua nova Criação há tanto tempo planejada. Finalmente, todas as antigas promessas se tornarão realidade. E no meio de tudo isso, no cerne da boa notícia, está a promessa: esse Deus está voltando em pessoa, e todas as nações verão a Sua glória. Essa boa notícia, insistia o Apóstolo Paulo, não trata de um mero imperador humano, mas do retorno do verdadeiro Rei, o Deus de toda a Criação.
A linguagem usada para anunciar o Evangelho sobre Deus, Paulo associava à pessoa de Jesus, porque ele acreditava que a volta de YHWH havia acontecido em Jesus.
Deus havia voltado na pessoa de Jesus! Deus está vindo, na presença e no poder do Espírito Santo sempre que a boa notícia (Evangelho de Jesus) é anunciada. E um dia, Deus, o Deus agora conhecido em Jesus, voltará para terminar a tarefa, para ser tudo em todos, para encher o mundo com Sua Glória e amor, para transformar tudo, para endireitar tudo, para curar tudo com o Seu poderoso amor.
Se quisermos recuperar o sentido e significado do Evangelho, essa boa notícia de Jesus, temos que resgatar a dinâmica dos primórdios do cristianismo, como a Bíblia apresenta tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Por Emerson Cardoso.
Referência Bibliográfica:
WHIGHT, N. T. Simplesmente Boas Novas: Por que o Evangelho é uma notícia e o que a torna boa. Tradução Idiomas e Cia/Cláudio Chagas. Brasília: Chara Editora, 2016.
Questões para Reflexão
- Considere o texto de Isaías 40. Como essa mensagem o afetaria caso você fosse um israelita desse tempo, vivendo em uma terra distante, cativo, derrotado e oprimido? E depois de tudo isso, como se sentiria em relação ao Rei que estava chegado?
- Isaías estava anunciando a vinda do único Deus em pessoa, que aconteceu cerca de 700 anos depois, com o nascimento de Jesus. Porém, os seus não o receberam, mas os que o receberam (João 1:11-14), esses creem que Ele voltará uma segunda vez para concluir sua obra e levar o seu povo para o lar (João 14:3,18,19,28; 16:16). Como você recebe essa notícia?
- No tempo de Isaías, a vinda de um rei era anunciada por um arauto. As pessoas literalmente aplainavam o caminho por onde o rei iria passar. Quem era o rei que Isaías estava anunciando que viria? O que significa para eles “preparar o caminho” de acordo com Isaías 40:3?
- Os Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) narram João Batista fazendo referência a Isaías 40:3. Como você pode “preparar o caminho” em sua vida para Jesus? O que precisa ser “aplainado”?
- Jesus vem tanto como Rei como Pastor (Isaías 40:11). Que tipo de ovelha você se parece: indefesa, contente, desviada, presa ou perdida? Por quê?
- Compartilhe com o grupo como o Evangelho chegou até você? Em que circunstância da sua vida? O que mudou desde então? Como você espera a segunda vinda de Jesus?