Introdução

Para entendermos o propósito de Deus para a humanidade, temos que voltar ao começo da Criação.

Deus tem em seu propósito na Criação, formar uma família com muitos filhos semelhantes a Jesus. Quando Ele criou Adão e Eva, colocou-os no Jardim do Éden para multiplicarem, crescerem e dominarem a terra (Gêneses 2:28). Adão recebeu de Deus autoridade para governar o Jardim (Gêneses 1:26; 2:15), mas o restante da terra precisava ser dominado.

Satanás com suas hostes haviam sido expulsos do Céu, mas ainda poderiam exercer influência sobre a criação de Deus. O Senhor poderia ter destruído o diabo e suas hostes com uma palavra, mas, em vez disso, optou por derrotar as trevas através da Sua autoridade delegada – através daqueles que tinham sido criados à Sua imagem e que amavam a Deus por livre escolha. Deus escolheu expandir o Seu governo (domínio) na terra através do homem que criou. A autoridade para governar a terra estava sobre o homem (Salmos 115:16).

Satanás queria usurpar esse poder dado ao homem, mas não podia toma-lo a força. Então, o diabo convenceu Eva e Adão a rebelarem-se contra Deus. A sugestão de comer do fruto proibido foi simplesmente uma tentativa do diabo para ver se Adão e Eva iriam concordar com ele, em oposição a Deus. Isso lhe daria o poder. E foi por concordarem com ele que o diabo passou a ter o poder para roubar, matar e destruir. É importante percebermos que até hoje Satanás recebe poder quando o homem entra em acordo com ele.

O plano de Deus para dar ao homem de volta o domínio sobre a terra nunca foi interrompido. Jesus veio para sofrer a penalidade que o homem merecia em decorrência do pecado e assim recuperar o que estava perdido (Lucas 19:10). Não apenas estava a humanidade perdida para o pecado, o seu domínio sobre o planeta também estava perdido. Jesus veio para retomar essas duas perdas.

O Pai queria que Satanás fosse derrotado pelo homem, por alguém feito à Sua imagem. Jesus, que derramaria o Seu sangue para redimir a humanidade, esvaziou-se a Si mesmo de Seus direitos como Deus e tomou sobre Si as limitações do homem. Satanás foi derrotado por um homem – o Filho do Homem, que tinha um relacionamento perfeito com Deus.

A vinda do Reino de Deus

Israel esperava que o seu Messias viesse como um Rei que governasse sobre todos os outros reis. Esperavam que Ele viesse para reinar com um cetro de ferro. Desse modo eles finalmente se vingariam de todos os que os tinham oprimido, em todas as eras.

Jesus, o Messias, veio cheio de surpresas. Seu propósito foi revelado em sua principal mensagem: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 3:2). Pois, há uma coisa que os pegou totalmente de surpresa: Ele trouxe Consigo o Seu Mundo! O Seu Reino!

Mas arrepender-se é mais do que dar meia-volta, significa uma mudança no modo de pensar. O arrependimento não estará completo se não tiver a visão do Reino de Deus.

O ponto central do arrependimento é mudar o nosso modo de pensar, até que a presença do Reino de Deus preencha a nossa consciência. A tentativa do inimigo de fazer focar as nossas vontades nas coisas que são visíveis é facilmente resistida quando o nosso coração está consciente da presença do Reino dos Céus. Se você não mudar o modo como vê as coisas, você viverá toda a sua vida pensando que o que você vê na esfera natural é a realidade mais importante. Sem mudar o seu modo de pensar, você nunca verá a realidade mais importante e poderosa que está bem à sua frente – O Reino de Deus.

O Reino de Deus está próximo (Mateus 3:2); ao alcance de todos. Mas ele não vem com aparência exterior (Lucas 17:20). A realidade do mundo invisível domina o mundo natural em que vivemos – tanto de maneira positiva, como negativa. Devido ao fato de que o invisível é superior ao natural, a fé é ancorada no invisível. A fé vê o invisível. Ela vive a partir do invisível para o visível. Ela põe o Reino de Deus em foco. Todos os recursos do Pai, todos os Seus benefícios acham-se acessíveis por meio da fé.

Jesus fez um choque entre os dois mundos: o mundo das trevas e o mundo da luz. As trevas nunca prevalecem sobre a luz! E, do mesmo modo, quando o domínio de Deus é liberado através de Jesus para alguém, este é liberto. Quando o Reino de Deus vem sobre uma pessoa, os poderes das trevas são forçados a sair.

O propósito de Deus continua o mesmo – derrotar as trevas através da Sua autoridade delegada – através daqueles que foram criados, e agora regenerados, à Sua imagem e que amam a Deus por livre escolha – a Sua igreja. A quem foram dadas as chaves do Reino (Mateus 16:19; 18:18), estando nela a autoridade para pisar sobre todo o poder do inimigo (Lucas 10:19).

O Reino de Deus vem para resgatar a humanidade do domínio das trevas (Colossenses 1:13; Atos 26:18), através da igreja do Senhor Jesus.

Na Terra como no Céu

A palavra reino significa “o domínio de um rei”, e nela está embutida a ideia de autoridade e liderança. Jesus veio para oferecer os benefícios do Seu mundo a todos que se submeterem ao seu reinado.

A igreja foi criada para viver sob o domínio do Reino de Deus. A oração de Jesus “Venha o Teu reino; faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10) indica que o Seu domínio realiza-se quando o que acontece aqui é tal como no céu. Significa viver aqui na terra a partir da Cultura do Céu (Cultura do Reino de Deus), apesar de não estar no céu, ainda.

A Cultura do Céu é manifesta a partir dos resultados da obra do Espírito Santo em uma comunidade, quais são “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gálatas 5:22,23). Apesar de não termos ido ao Céu, Aquele que veio de lá, o Espírito Santo, é quem nos mostra, pela fé, como é a Cultura do Céu, e nos ajuda a viver como um cidadão do Céu. É Ele quem nos revela a nossa identidade e nos transforma (2 Coríntios 3:18) quem nós somos neste mundo agora: “porque, qual ele é, somos nós também neste mundo” (1 João 4:17b).

Trazer o céu à terra é viver a vontade de Deus aqui na terra como ela é vivida no céu.

Novo Céu e nova Terra

Apesar deste mundo (céu e terra) estar reservado para a destruição (2 Pedro 3:7), o propósito de Deus é resgatar todos os homens (1 Timóteo 2:4). Pois, o Senhor fará novos céu e terra (2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1), sem a influência do maligno, onde não haverá mais morte (Apocalipse 21:4).

Essa expectativa acabou gerando um entendimento e uma postura errada de muitos na igreja. Quando a Igreja começa a esperar a volta do Senhor em vez de dedicar-se a buscar um maior ataque contra as linhas do inimigo no desempenho da Grande Comissão. Tal postura não é incentivada nas Escrituras.

Querer que Jesus volte agora é o mesmo que sentenciar bilhões de pessoas ao inferno por toda a eternidade. Não é que não devamos ansiar pelo céu. Será que Jesus, Aquele que pagou o preço por todo o pecado, está ansioso para voltar sem que a grande colheita final tenha ocorrido? Creio que não.

Conclusão

Vimos nessa reflexão que o propósito da Missão de Deus é formar uma família com muitos filhos semelhantes a Jesus.

Apesar do homem concordar com a rebelião de Satanás, e com isso perder a sua autoridade sobre a terra e tornar-se escravo do pecado (Romanos 6:17), Jesus veio para retomar essas duas perdas (1 João 3:8).

O propósito de Deus jamais foi interrompido – derrotar as trevas através da Sua autoridade delegada – através daqueles que tinham sido criados à Sua imagem e que amavam a Deus por livre escolha. Deus escolheu expandir o Seu governo (domínio) na terra através do homem que criou. Ele fez isso através de Jesus, que trouxe o Reino dos Céus à terra – acessível a todos os homens.

Ao retornar ao Céu, Jesus co-missionou a Igreja a continuar a obra de expansão do Reino, rompendo contra o reino das trevas, em uma guerra espiritual nas regiões celestiais (Efésios 6:12), cuja vitória demarca a Cultura do Céu vivida na terra por muitas e muitas almas resgatadas.

Por Emerson Cardoso

Para refletir:

1. Em que sentido a humanidade de Jesus demonstra o propósito de Deus para a Sua Missão?
2. Como você pode descrever o Reino de Deus (Reino dos Céus)?
3. Considerando a declaração de Jesus em Mateus 3:2 (“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”), como você relaciona o arrependimento com a visão do Reino dos Céus?
4. Descreva como o Reino dos Céus vence o Reino das Trevas.
5. Expresse a sua compreensão sobre a oração de Jesus quando ele declara “Venha o Teu reino; faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10).
6. O que você entende por Cultura do Céu? Como você pode descrever a expressão de Bill Johnson “Quando o Céu invade a Terra”?

Referência Bibliográfica:

JOHNSON, Bill. Quando o Céu invade a Terra: guia prático para uma vida de milagres. Tradução: Milton Azevedo Andrade. S. J dos Campos/SP: Vida, 2005.